terça-feira, dezembro 23, 2008

Feridas

A ferida é oculta! Não há resquícios abertos aos olhos corriqueiros se não pelas frivolidades aparentes de quem a sente. O machucado borbulha no anseio de que remédios e o tão aclamado tempo lhe seja complacente. As frases tão repetidas que lhe jogam completa responsabilidade sobre suas atitudes já parecem quase um mantra.

É difícil compreenderem que há uma distância entre querer e nesta profundidade do sentimento, conseguir efetivamente sentir o que seu peito já acostumou a sentir de outras formas. As dores são latentes, mas silenciadas. Torturada pelas lembranças proibidas que lhe tiram o sono noite a dentro.

O sentimento acostumou a persistir. É difícil explicar-lhe que ele não vale mais à pena. A busca pela felicidade sente-se só depois que acreditou ter companhia. Cem mil poetas, todos eles só, não são capazes de decifrar as dores da alma. Escutei não me lembro onde, que o poeta assim como o cego, enxerga na escuridão.

Quem sabe ele veja um clarão pela frente! Quem sabe fogo que arde e desperta vida. Esperanças por dores menos doloridas. Certa de que a vida segue, mesmo que cheia de curativos internos e anseios ainda secretos do futuro. Sedenta por uma noite de sono que acalente os desejos reprimidos e traga tranqüilidade - se pedir alegria é demais por enquanto.

Thais – 22/dez/2008

2 comentários:

Netogabiru Calon Arth disse...

"Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

Viver não dói -Carlos Drumond de Andrade

Amuná Djapá disse...

eu ouvia essa música na novela do Sassá Mutema