Quando a gente fica grandinho e supostamente maduro, mas mesmo assim não consegue bem entender as coisas à nossa volta, recorremos inconscientemente às memórias da infância. Nostalgia incentivada pelos pedaços já dilacerados que ficaram de tempos passados.
Folhas secas, galhos e alguns pedaços de lixo estão jogados pelo chão. O cercado parece reformado de não muitos anos atrás. Mesmo assim, o único meio de acesso é a portinhola derrubada no chão. Dentro estão ferros retorcidos, enferrujados, peças soltas e algumas das estruturas básicas fincadas ao chão seco.
Dos balanços e outros tantos que nem me recordo o nome, resta inteiro mesmo que com as cores descascadas, apenas o popular “trepa - trepa”. Sempre foi meu preferido. Como era divertido galgar até o ponto mais alto e de lá me virar de ponta cabeça, presa pelos joelhos e com os braços livres, quase testando a força de minhas pernas.
Agora, posso em pé, alcançar com os braços o topo da última barra de metal sem qualquer esforço. Com apenas dois movimentos é possível me sentar no alto. Mas, de repente, a visão já não é tão diferente de como há dez ou quinze anos. De todas as facilidades adquiridas, contraditoriamente, não quis me virar de cabeça para baixo. Já não era excitante e desafiante. Ou apenas a sensação de que teria dores de cabeça.
O silêncio acompanha aqueles momentos revividos dentro de mim. Chego a ter uma súbita vontade de revitalizar o parquinho de infância. Quem sabe se tornasse memória para outros também. Não apenas o parque abandonado do bairro. Não vou mentir, não era freqüentadora assídua, mas é parte do que consigo lembrar da minha infância.
Os pensamentos se vão e voltam outros, mais atuais e menos saborosos. Ainda não se passou tanto tempo que as folhas tenham secado e os galhos retorcidos se perdido. Perdemos as perspectivas do que deixar acontecer. Nem sempre sabemos qual é o ponto exato em que o parquinho começou a envelhecer e perdemos o controle sobre nossas vidas. De repente, as memórias são tão recentes e você não sabe como agir sobre elas...
Parecem grandes de mais para se guardar tão logo no baú de nossas almas.
Thais – 21/dez/2008
segunda-feira, dezembro 22, 2008
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